2.3.07

1977


1977. Bem, assim como 1968, esse é um ano clássico. Foi em 77 que morreram Charles Chaplin e Elvis Presley, foi também o ano em que a Apple lançou o 1º computador pessoal, o Apple II, isso sem falar que foi o ano em que foi sancionada a lei que criou o Mato Grosso do Sul.
Foi um ano de estréias e despedidas. Estréias no cinema, com os filmes “Jornadas nas Estrelas” e “Os Embalos de Sábado à Noite”, e despedida no futebol, afinal foi em 77 que o Rei Pelé pendurou as chuteiras.
Mas 1977 foi acima de tudo o ano do 1º título brasileiro do São Paulo. Tá, na verdade a final foi em 78, mais precisamente em 05/03/78, mas o campeonato era o de 77...
O jogo foi contra o Atlético Mineiro, que era favorito, mas não deu pra eles.
Reproduzo abaixo o texto do jornalista José Maria de Aquino para a revista Placar, publicada na época da conquista.
Ah, 1977 foi o ano em que eu nasci.

POR JOSÉ MARIA DE AQUINO

Dirão que foi uma decisão fria, feia, conseguida apenas na cobrança de pênaltis, com os erros de Cerezo, Márcio e Joãozinho Paulista.
Dirão que a história acaba de registrar uma das maiores zebras do futebol, uma fantástica aberração. Dirão que não é possível que um time como o São Paulo, cheio de problemas de contusão e suspensão de Serginho, pudesse chegar aonde chegou. Dirão que é terrível que um time como esse pudesse emudecer o Mineirão, lotado pela torcida mais alegre e fiel de todo o Brasil.
Dirão mil coisas. E daí? Por acaso não constava do regulamento do Campeonato Brasileiro que a decisão poderia ser feita com cobrança de pênaltis?
Mais ainda. Por acaso não fez o São Paulo, domingo à tarde, bem mais que o Galo, por merecer a faixa de campeão – que agora ostenta orgulhoso em seu suado peito? Não teria esse jogo feito do goleiro João Leite uma das grandes figuras em campo, fazendo defesas incríveis, marcando e se firmando como um dos melhores do Brasileiro? Por acaso não teria Márcio tirado de cima da linha de gol um chute preciso de Chicão?
Claro que sim. É certo que, nos cálculos feitos por todos, olhando para os pontos ganhos e até para o número de jogadores chamados para a Seleção Brasileira, tudo apontava o Atlético como feliz e tranqüilo vencedor. O São Paulo preparou-se com cuidado, armou-se para provar que qualquer guerra só pode ser anunciada como ganha depois de vencida a última batalha.
Conseguiu-os não só desprezando as qualidades do adversário e, ao contrário, tratando de anulá-las. Sabia que Cerezo, Ângelo e Marcelo são os seus principais jogadores – já que Reinaldo, assim como Serginho, estava de fora, suspensos pelo Tribunal –, organizando quase todas as suas jogadas. Darío Pereyra grudou em Cerezo; Teodoro juntou-se a Ângelo; Chicão fez o mesmo com Marcelo; Peres – que entrou no lugar de Teodoro – não largou de Paulo Isidoro; o resto ficou por conta de Antenor, cada vez mais perto do lateral de que o São Paulo precisa; de Getúlio, anulando Ziza; de Tecão, numa de suas melhores partidas pelo São Paulo; e de Bezerra, que, agora, depois dessa campanha dispensa apresentações.
O ataque fez o que pôde, com Mirandinha, necessariamente, um pouco isolado; com Zé Sérgio dando trabalho a Valdemir e depois a Alves, com Viana surpreendendo pelo brio, e com Waldir Peres, um dos três melhores goleiros do Brasil. Sereno, preciso, presente nas horas mais difíceis, quando precisou fazer seus milagres, detalhes que acabaram empurrando o time mais pra frente, catimbando quando Márcio foi cobrar o último pênalti do Galo, chutando-o para fora.
Todos os elogios devem ser dirigidos ao técnico Minelli, mais uma vez muito feliz na escolha do esquema de jogo a ser colocado em prática, e aos jogadores que cumpriram fielmente, foram 13 leões de garras afiadas, merecendo todos os aplausos e toda a festa dedicada por sua torcida. Mas, entre todos eles, um especificamente precisa ser colocado um degrau acima daquele em que os outros se situaram. Falo, e todos os mineiros falaram por muito tempo após o jogo, de Chicão.

Ficha:


ATLÉTICO-MG 0 X 0 SÃO PAULO

J: Arnaldo César Coelho (RJ); R: Cr$ 6 857 080; P: 102 974; CA: Tecão, Ângelo, Serginho, Bezerra, Peres e Neca.

Nos pênaltis: São Paulo 3 (Peres, Antenor e Bezerra; Getúlio e Chicão perderam) x 2 Atlético (Ziza e Alves; Cerezo, Joãozinho Paulista e Márcio perderam)

ATLÉTICO-MG: João Leite, Alves, Márcio, Vantuir e Valdemir; Cerezo e Ângelo; Serginho, Caio Cambalhota (Joãozinho Paulista), Marcelo (Paulo Isidoro) e Ziza. T: Barbatana

SÃO PAULO: Waldir Peres, Getúlio, Tecão, Bezerra e Antenor; Chicão e Teodoro (Peres); Zé Sérgio, Mirandinha, Darío Pereyra e Viana (Neca). T: Rubens Minelli

Um comentário:

Anônimo disse...

É Mazó!!!
77 é também o ano do Punk e meu também.
Abração