17.4.07

pelé?

Um dos posts do Ricardo no seu “crônicas do absurdo” fala sobre a experiência de assistir um show do Roger Waters. Mas ele vai um pouco além, e compara o vovô do Pink Floyd com as bandas novas que surgem a todo momento, principalmente as inglesas. Concordo com o Ricardo em vários pontos, apesar de gostar das bandas citadas por ele ( Franz Ferdinand e Artic Monkeys), mas eu tenho uma tendência a gostar de novidades, sejam elas bandas ou qualquer outra coisa que me traga uma certa dose de curiosidade.
Não chego a ser como o Gil, um grande amigo meu, que durante um show do Arcade Fire disse que Revolution era a melhor música do ano, ou da década, sei lá... Não sou tão entusiasmado assim, mas gosto de bandas como Strokes e Yeah Yeah Yeahs, sem falar das prediletas da casa Belle & Sebastian e Radiohead, não tão novas assim. Eu sei que o Ricardo também tem isso, afinal foi ele quem me deu o Broken boy soldiers, do Raconteurs, mas aquele post me fez pensar em um outro tipo de comparação muito comum.
Um assunto não tem nenhuma ligação com o outro, e eu só pensei nisso por causa da época mesmo.
Estou falando da comparação entre o futebol antigo e o atual. Pessoas como Rui Castro e Armando Nogueira conseguem me irritar profundamente. Sei que são considerados grandes jornalistas e tudo o mais, mas essa idéia que jogador bom é aquele que nasceu até no máximo 1960 não dá. O saudosismo do Armando Nogueira eu até entendo, afinal ele viveu aqueles jogos todos, mas o Rui Castro nem é tão velho assim... Ele fala da década de 30 como se tivesse vivido aquilo. Seria até bom se ele realmente fosse daquela época, pelo menos ele já estaria morto.
Não vou aqui discutir as duas épocas, muito menos defender a tese de que hoje se joga um futebol melhor do que se jogava a duas ou três décadas atrás, mesmo porque não assisti muitas partidas antigas, mas dizer que não existiam jogadores bisonhos e nem jogadas horríveis é mentira. Já vi alguns jogos do Brasil na Copa 70, e posso falar que vi muito lance tosco daquele que é considerado o melhor jogador de todos os tempos. Por quê não ter com o Pelé o mesmo rigor que se tem com alguns jogadores atuais? Por quê o Pelé podia errar passes e dar chutões pra arquibancada e o Ronaldinho Gaúcho não pode cobrar mal um penalty? Tudo bem, o Pelé errava de vez em quando, mas na maioria das vezes o negrão resolvia tudo. Mas e o Dadá Maravilha? A maior qualidade desse idiota era falar coisas igualmente idiotas. Mas ele fazia gol, era a alegria do povo... O Mirandinha, jogador (será?!) medíocre do corinthians também fazia gols, o Mario Tilico, o Valdeir The Flash, Dodô, todos eles faziam muitos gols, mas nunca tiveram a conivência dos críticos. Mas sei lá, eles estão ficando velhos, e quem sabe os bicões pra lateral, as furadas na pequena área e os gols incrivelmente perdidos não caiam no esquecimento, e daqui uns bons anos alguém vai dizer: Esse atacante novo do Palmeiras até que faz uns golzinhos, mas bom mesmo era o Osmar.
Será que pra ficar bom basta ficar velho?
É legal ver clubes que reconhecem, apoiam e dão valor aos craques do passado, como por exemplo o São Paulo, que todo ano realiza um encontro com ex jogadores, mas é legal também quando se consegue ver algum jogador novo sem compará-lo a alguém das antigas.
Quando a coisa é pelo lado positivo, sem maldade, como o Felipão comparou esses dias o Cristiano Ronaldo com o Renato Gaúcho, tudo bem. Mas nem sempre é assim.
O que importa mesmo é que o cara saiba jogar futebol, não importa a época em que ele tenha vivido.
Bom seria se os saudosistas pudessem assitir aos jogos de hoje sem compará-los com os de outrora, assim como no sábado eu, o Gil e o Ricardo nos divertimos ouvindo os berros do Jon Spencer Blues Explosion sem lembrar de John Lee Hooker ou Muddy Water. Mas aí eles não seriam saudosistas, não é? Mas seriam mais suportáveis.

3 comentários:

Gil disse...

Bozó...
Eu sou o homem novidades...
vc precisa ouvir The Long Blondes...
Nova banda que é sucesso instantâneo...

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Fala, Mazo!
O detalhe e que o Pelé revolucionou o futebol enquanto jogou e manteve uma regularidade impressionante sendo o melhor de todos durante toda sua carreira virando ponto de referência para qualquer análise futebolística, assim como os Beatles para o rock.
A propósito, já ouviu The Guess Who?

9:30 PM