20.11.06

ufa!!...é campeão!

Chegamos. Era 20 prás duas, daria prá pegar um lugar legal, ver o jogo sossegado. Descemos do carro e depois de uns 30 metros a Sica manda essa: " Ai, esqueci minha santinha no carro!". Todos se entreolham "Quer voltar prá buscar?". Nessa hora o sol já queimava minha cabeça, a chuva que parecia que iria cair não tinha vindo, e eu com a camiseta preta, manga comprida, já morrendo de calor..."Não, deixa prá lá." Eu sabia que o meu sacrifício já seria suficiente. "O jogo é contra o Atlético, eles não querem mais nada com o Brasileiro", pensei eu. Pensei errado.
O jogo foi difícil, complicado, na verdade teria sido até chato....se fosse um jogo normal. Não era. E o São Paulo empatou, mas venceu. Começou bem, apesar dos passes errados do Júnior, que parecia estar com uma bigorna amarrada no pescoço. E prá minha surpresa, o time paranaense também atacava, criava chances. Mas daí veio o gol do Fabão. 1x0. "Beleza, acabou", pensei eu. Errado, de novo. O São Paulo simplesmente não jogava, e percebi que teria que torcer pro Inter não jogar também. Teria que torcer dobrado.
Imaginei que voltaríamos melhor pro segundo tempo, e a idéia do Murici estar soltando os cachorros no vestiário me dava uma certa satisfação. O que o Souza estava pensando, por quê ele não corria? E o Danilo, o Lenilson? Será que só o Mineiro e o Fabão correm nesta porcaria de time? Eles mereciam alguma espécie de tortura chinesa express no intervalo. 15 minutos de sofrimento, prá compensar os 45 que os 68.237 torcedores haviam acabado de passar!!! Mas se ele realmente falou alguma coisa, não funcionou. O jogo continuou morno, e lá pelos 30 sentenciei: "O São Paulo vai tomar um gol." A Sica me olhou assustada, e aos 34..."Caralho, não acredito!". Chutes na arquibancada de concreto, xingos, maldições contra os deuses da bola. Aos 39, santo Rogério Ceni nos livra de pagar todos os pecados. E eu só pensava na santinha lá no carro, com um sorrisinho de canto de boca: "Tá vendo, não quis me levar prá ver o jogo, nem o rádio ligado deixou aqui neste carro abafado. Agora sofre." O jogo acaba, nem vi direito quando foi que o juiz apitou. Estava no telefone com a minha mãe, colhendo informações sobre o jogo do Pinheirão. Faltavam oito minutos e o Paraná vencia.
Alguns jogadores do São Paulo comemorando, parte da torcida também. Acompanho o resultado e tempo de jogo do Inter pelo placar, e quando aparece Paraná 1x0 e 43 minutos, não consigo comemorar, e começo a lembrar da final da Champions de 99. O Bayer vencia até os 44 do segundo tempo, nada poderia tirar o título deles, afinal estavam jogando bem e tudo o mais. NADA PODERIA DAR ERRADO. Esse é pensamento que atrai a desgraça. O Manchester virou em dois minutos e levantou a taça. No Morumbi o placar anuncia: 45 + 3. "Mais três? O que esse juiz tá pensando, o que eu fiz prá merecer tamanha punição?"
A essa altura já haviam montado o palco prá comemoração, arrumaram até um troféu. Desafiaram todos os deuses do azar, estavam pondo em xeque todo o meu ritual. O que eu poderia fazer com uma simples camiseta preta e minha brava resistência ao calor contra toda aquela provocação e exaltação ao Diabo.
Não fiz nada, e o Inter também não. E veio, pelo placar, a notícia. Fim de jogo. São Paulo tetracampeão brasileiro. Não me lembro muito do que fiz, só sei que pulei, distribui urros prá todos os lados e fiquei exausto como nunca tinha ficado na minha vida.
São Paulo Campeão, finalmente o sofrimento acabou. Pelo menos até começar o Paulistão...

2 comentários:

Anônimo disse...

Que inveja, viu?!
Uaauuahaauahuahua...
Inveja nada, o meu time é melhor que o seu... Palestra, a razão do meu viver (e do meu sofrer).
:-)
Bj.

Anônimo disse...

Inesquecível.
Apesar do empate xôxo...