30.1.07

clericus cup

Não sou um cara muito religioso a ponto de freqüentar missas ou mesmo de ir até a igreja com alguma freqüência, mas também não sou daquele tipo que zomba de Deus e sai por aí se dizendo agnóstico ou ateu só porque hoje em dia isso virou “cool”. Não que eu acredite em Adão e Eva e outras histórias sobre a criação do mundo, pelo contrário, fecho com Darwin e seus primatas, mas acho bem interessantes algumas passagens bíblicas, sou bem curioso com os milagres, não só os de Cristo, e costumo rezar de vez em quando. Como vocês podem ver, não sou um católico exemplar, e Deus, que é um cara bem esperto, sacou isso e achou uma maneira de me aproximar mais da religião. Por meio de um de Seus enviados, o cardeal Bertone, lançou a Clericus Cup. Isso mesmo, um torneio de futebol envolvendo 16 times formados exclusivamente por religiosos, seminaristas e sacerdotes.
O torneio, muito bem organizado, já divulgou o seu regulamento, e contará com três fases: a fase eliminatória, as quartas e as finais (semi e finalíssima). Os jogos serão no meio da semana e aos sábados, sendo vedada a realização de jogos aos domingos. Todos eles com horários entre 15:00 e 21:00 horas.
É interessante que se tenha notícias de coisas assim vindo do Vaticano, porque eu sempre tive uma visão muito fechada de lá, como a de um ambiente extremamente sério e dedicado apenas ao estudo da religião e da condição humana. Com a morte de João Paulo II e a nomeação de Bento XVI, essa visão se aprofundou um pouco mais, pois o novo Papa me parece ser um sujeito bem ranzinza. Mas acho que é porque eu não o vejo como uma pessoa velha o suficiente para ocupar tal cargo. Uma besteira, dessas que só ocorrem dentro da minha cabeça.
Mas a Clericus Cup veio pra mudar essa minha visão. Os seminaristas também se divertem, jogam futebol e pode ser até que sejam capazes de, após as partidas, se reunirem numa churrasqueira e queimarem uma carninha, tirando sarro de um frango tomado ou um gol inacreditavelmente perdido.
Sim, o Vaticano é muito mais que uma sala de aula repleta de obras de arte e riquezas no seu subterrâneo. Lá, além de ditarem as tendências e doutrinas católicas, eles também sabem jogar futebol.

28.1.07

insuperável


Roger Federer venceu o chileno Fernado Gonzáles e conquistou o Aberto da Austrália. O suiço, que não perdeu nenhum set durante toda a competição, agora soma 10 títulos de Grand Slam, disputando as últimas 07 finais desse tipo de torneio. A última vez em que parou antes de chegar a final foi em 2005, quando caiu na semi de Rolang Garros, contra Rafael Nadal.

Dá pra parar o homem?

Os adversários na Austrália:

1ª rodada
Bjorn Phau

2ª rodada
Jonas Bjorkman

3ª rodada
Mikhail Youzhny

oitavas
Novak Djokovic

quartas
Tommy Robredo

semi
Andy Roddick

final
Fernando Gonzalez


27.1.07

o diabo fez o homem à sua imagem e semelhança


a fera comeu a bela


Em uma partida que durou apenas 01 h e 03 min, Serena Williams impôs seu jogo e derrotou a nº 01 do mundo e conquistou o Aberto da Austrália, com parciais de 6-1 e 6-2. Dessa vez a russa Maria Sharapova teve que se contentar com o vice campeonato.
Amanhã tem a final do masculino, e salvo um dia ruim do suiço Roger Federer, a partida promete ser um passeio tão fácil quanto foi o desta madrugada. O americano Andy Rodick que o diga. Humilhado na semi final por Federer, com direito a um 6-0 no segundo set, concedeu uma entrevista bem engraçada e depois saiu para beber com o seu técnico.
Leia a entrevista abaixo, vale a pena perder uns minutos.

P: Como você se sente depois de uma partida como essa?
R: "Depressivo! Me sinto miserável, mas tudo bem".
P: "Você já viu Federer jogar tão bem?
R: "Ele jogou bem, isso é uma certeza".
P: Quando o primeiro set estava em 4-4, ele quebrou seu saque...
R: "(cortando) Sim, ele quebrou meu saque, e depois ele quebrou mais três vezes, depois mais duas vezes e depois a partida acabou. Foi o que vocês viram também?"
P: Como se recuperar de uma derrota como esta?
R: "Vou continuar fazendo o que faço todos os dias. Fazer o melhor para não desanimar. Fui humilhado hoje, não há dúvida disso...Vou tentar encarar isso como um homem".
P: O adversário de Federer na final tem chances de ganhar?
R: "Poucas".
P: Vocês acha que ele está jogando cada vez melhor?
R: "Melhor que o quê? Onde você esteve nesses três últimos anos?"
P: Você disse antes do jogo que a distância entre vocês dois havia diminuído...
R: "(cortando) Sim, mas não hoje".
P: O que você teria dado para não comparecer à coletiva hoje à noite?
R: "Boa pergunta! Teria dado muito dinheiro para que vocês fizessem suas coisas sem mim e dissessem depois que eu estava presente. Porém, meu pai me ensinou a não fugir das minhas responsabilidades, então estou aqui".
P: Você vai ler os jornais amanhã?
R: "Acho que não, mas vai ser complicado, já que leio as páginas dos esportes todos os dias".
P: Você vai conseguir dormir depois de um jogo como esse?
R: "Depende da quantidade que vou beber hoje à noite".
P: Você se vira melhor aqui do que na quadra?
R: "Fala sério!"

25.1.07

02 empates, 02 torcedores chatos

De tempos em tempos eu tenho uns dias em que só de ver outras pessoas elas já me aborrecem. Ontem foi um dia desses. Acordei e já senti alguma coisa diferente tomando conta do meu corpo. No começo, logo que eu acordo, é como se uma tristeza repentina viesse, assim, do nada, sem motivo aparente. Mas é quando eu saio pra rua e tenho meu primeiro contato com o mundo que a coisa vem. Logo na primeira esquina, quando avisto o primeiro carro no trânsito, minha cabeça já fica do tamanho de uma bola de capotão. E isso dura o dia inteiro, não tem nada que faça passar. Nem prêmio da mega sena nem derrota do time adversário.
E deu de acontecer justo ontem, quando a cidade se preparava pra comemorar seus 453 anos e meus amigos combinavam uma agradável noite no Mercadão. Logo vi que a noite no Mercadão poderia acontecer, mas sobre ela ser agradável eu tinha sérias dúvidas. Tentei demover a Sica dessa idéia, eu realmente queria ficar em casa e curtir meu mau humor sossegado, mas a gente já tinha combinado e resolveu ir.
A primeira raiva foi pra parar o carro. Com os estacionamentos do mercadão todos fechados, demos umas boas voltas até achar um bem em frente ao mercado. A coisa parecia mudar e conspirar a nosso favor. A nossa era a última vaga do estacionamento.
Entramos e fomos ver o show dos Demônios da Garoa, e aí veio a primeira decepção, quando percebi que eles viraram uma banda de baile, com direito a fones de ouvido e tudo mais. Não curti os velhotes não... Bom, mas ainda tinha o pastel de bacalhau, alegria certa e motivo suficiente pra salvar minha noite. E o que é melhor, assim que sentei no balcão, bem em frente a televisão, estava passando o jogo do São Paulo, que aos 38 min do 2º tempo vencia por 2x1. Dois minutos depois e vem a imagem do Juventus covertendo seu gol de penalty contra o corinthians no Pacaembú. Maravilha.
Bom, como o dia não era meu, o corinthians fez mais um e venceu o jogo, e o São Paulo, em mais uma de suas proezas, tomou um gol depois dos 49 do segundo tempo, e assim se fez o primeiro empate e eu conheci o primeiro torcedor chato do dia. Justamente o infeliz responsável por me servir o pastel de bacalhau. O palmeirense pulou e comemorou feito um louco, e continuou com seu ritual durante todo o tempo em que estive ali naquele balcão. De repente ele se achava o idiota mais engraçado do mundo. Trouxe o pastel e perguntou, com um riso imbecil na cara de porco:

- São dois de queijo, né?

Me segurei, mas quando ele trouxe a cerveja e perguntou se queriamos canudos não aguentei e soltei:

- Só se for pra enfiar no teu cú!!!

Pra minha sorte ele não escutou, pois estava ocupado atendendo 1 milhão de pessoas ao mesmo tempo.
Bom, comemos e fomos encontrar alguns amigos em um outro bar ali mesmo no Mercadão, e assim eu conheci o segundo torcedor chato do dia, um corinthiano, menos chato que o chapeiro, é verdade, mas ainda um corinthiano, erro imperdoável pra qualquer ser humano. Não vale a pena nem comentar suas frases e alusões àquilo que eles chamam até hoje de título mundial, mas é válido citar que depois de 5 min eu já não aguentava mais e viemos embora.
Pois bem, hoje de manhã, feriado, eu tive que ir até o prédio onde trabalho pra fazer uns exames, coisa de gordo. Bem na hora da final da copinha, que eu não dei muita bola e continuo não dando, mas é o São Paulo na final. Assim que cheguei no prédio ouvi alguém comentar que estava 1x0 pro Cruzeiro. Antes de entrar na sala pro exame o São Paulo empatou e essa foi a última notícia que tive do jogo até chegar em casa. O São Paulo tinha feito acontecer o segundo empate e perdido a decisão nos penaltys.
Mas o que me inspirou a escrever este post não foi nada disso aí em cima, e sim um imbecil que, em plena Cidade Líder, parecia estar fazendo um city tour, andando com seu carro a 20 km/h e me fez chegar atrasado, sem tempo de ver o fim do jogo.
Ah, vá tomar no cú, né?!

24.1.07

quebrando barreiras

Nesses últimos dois anos, Rogério Ceni foi campeão paulista, brasileiro, sulamericano e mundial. Nada mal, não é?! Mas já vimos jogadores ruins conquistarem títulos importantes apenas por fazerem parte de um time excelente. É só lembrar do lateral direito Cláudio, que jogou no Palmeiras na época da Parmalat. Mas esse não é o caso do Rogério.
Além de ter ganho e levantado esses troféus, afinal ele é o capitão do São Paulo, ano passado ele foi também considerado o melhor jogador do Campeonato Brasileiro, além de ter entrado para a seleção da América do Sul como o melhor goleiro do continente. Bom, faltava apenas o reconhecimento na Europa. Mas isso é muito mais difícil, pois todos sabem que qualquer lista que saia de lá com os melhores , só vai ter jogador que atua lá...
Mas Rogério Ceni é capaz de proezas inimáginaveis, o Liverpool sabe bem disso, e na eleição dos melhores goleiros de 2006, organizada pela IFFHS (Federação Internacional de Histórias e Estatísticas do Futebol), ele aparece em 6º, sendo o único que joga em um clube de fora da Europa.
E ainda tem gente que diz que o Rogério é puro marketing.

Veja a lista completa:

01. Buffon
02. Lehmann
03. Cech
04. Casillas
05. Van der Sar
06. Rogério Ceni
07. Ricardo

22.1.07

o dia em que me tornei são-paulino

“Sou ator, são-paulino, diretor, são-paulino, produtor e não poderia deixar de citar que sou são-paulino. Sou apaixonado por cinema, pelo São Paulo Futebol Clube e pelos meus pais. Não necessariamente nessa ordem. Ganhei prêmios importantes como ator de cinema dentro e fora do Brasil. Meu clube foi campeão inúmeras vezes dentro do meu país e é o único time brasileiro três vezes campeão do mundo. Então, devo dizer que ultimamente tenho me sentido muito bem.”

O texto aí em cima foi extraído do livro “O dia em que me tornei São-Paulino”, do Selton Mello, e faz parte de uma coleção que tem, além deste, outros 03 livros, sobre o Palmeiras, o Santos e o corinthians.
O livro, além de trazer histórias do próprio autor com o seu time de coração, inclui um almanaque completo sobre o clube.

O livro sobre o clube do Pq. Antártica foi escrito pelo Mauro Betim, já sobre o do pq. são jorge é do Marcelo Duarte, e o do Santos conta a história do Vladir Lemos com o time.
A série é uma iniciativa da Panda Books.

Por R$ 15,90 cada, no Submarino.

21.1.07

rasteiras

01. Federer continua sua jornada pra mais um Grand Slam. Já nas quartas de final, ainda não perdeu 01 set no torneio. Hewitt, o tenista da casa, está fora.

02. O russo Nicolai Valuev venceu mais uma e segurou contra seu peito o cinturão dos pesos pesados da AMB. O gigante de 2,13 m e 145kg parece não encontrar ninguém capaz de detê-lo na caminhada pra igualar o recorde de vitórias de Rocky Marciano. Agora só faltam duas.

03. Com 1 1/2 rodada do Paulistão já disputada, já deu pra perceber que o nível técnico das equipes do interior está muito baixo. Antes da 3ª rodada eu não comento jogos ou times.

04. O Marco Aurélio Cunha sacou muito bem e comparou a camisa nova do corinthians com gradinhas de cela de cadeia. Enquanto isso, na Inglaterra, 02 jogadores do Porstmouth foram presos nesta semana. Primeiro foi o lateral Glen Johnson, pego roubando uma tampa de privada numa loja de utensílios domésticos. Depois foi o congolês LuaLua, acusado de agressões. Os dois clubes poderiam fazer um intercambio, incluindo aí o time da penitenciária.

05. Mas como nem tudo é desgraça e até Deus tem um tempinho pro futebol, o Vaticano está organizando a 1ª edição da Clericus Cup. O campeonato deverá começar em fevereiro, com 16 equipes. Além das regras habituais, mais duas foram criadas só para o evento: é proibido jogar aos domingos e é igualmente proibido falar qualquer tipo de impropérios. Os jogos terão dois tempos de 30 minutos, para que "os mais velhos possam agüentar o ritmo do jogo".
O campeonato contará com cobertura integral deste blog.

17.1.07

sai que é sua.....goollll!!!!


Quando criança, nunca ligava prá jogar na "linha", o meu negócio era "catar no gol". E eu era bom, tanto que jogava com os mais velhos. Eu não tinha medo de pular nas bolas, por mais velozes que elas viessem, e frequentemente acabava ficando zonzo com algumas boladas na cara, ou sem ar, por conta de uma pancada na boca do estômago.
Mas este post não é pra falar das minhas proezas infantis, e sim da profissão mais ingrata do futebol. Gosto mais de ver uma boa defesa do que um golaço. Mais novo e eu achava que o uruguaio Rodolfo Rodrigues era o melhor goleiro do mundo. Cresci e vi que não era bem assim.
O Brasil teve bons goleiros, como o Valdir Peres em 82 e o azarado Carlos em 86, mas acho que o primeiro goleiro da seleção que eu realmente gostei foi o Taffarel, afinal defender penaltys era o ápice pra essas criaturas. Ele realmente jogava muito bem, mas de vez em quando tomava seus frangos. Durante as eliminatórias prá Copa de 94, defendi ardentemente o Zetti como camisa 1 do selecionado. Mas o Taffarel foi bem e mereceu estar lá. Apesar de ter tomado algumas bolas fáceis durante as eliminatórias. Mas todo bom goleiro já tomou o seu frango. Ano passado, Paul Robinson, arqueiro do selecionado inglês, engoliu um clássico, com ajuda do "morrinho artilheiro" e tudo o mais. Ganhou até uma espécie de game.
E é para "homenagear" esses lances que este blog vai distribuir o "TROFÉU TAFFAREL" para os eventos bizarros protagonizados por esses infelizes defensores da meta.
Durante todo o ano, se um arqueiro engolir alguma pena que este blog julgue ser digna de nota, o dito será homenageado com o troféu. Claro que se houver alguma defesa espetacular eu também vou comentar aqui, mas criar um troféu pra isso não faria o menor sentido.
Portanto, Marcelos, Fábios, Felipes e outros goleirinhos, preparem-se:
O Troféu Taffarel está no ar!

14.1.07

brinquedo novo

Esse é o carro da Ferrari pra temporada 2007.
Se ele anda o suficiente eu não sei, mas ele intimida.

paulistão


O Campeonato Paulista que começa nesta quarta não tem o charme e a importância de outros já disputados, mas ainda atrai bastante atenção. Eu sempre gostei dos regionais, e lembro que quando decidiram que eles não seriam mais disputados, dando lugar aos Rio-São Paulo da vida, fiquei contrariado. Mas o Paulistão voltou, e mesmo que a cada ano ele tenha um regulamento diferente, eu sinto um certo grau de empolgação. O Paulistão vale sim, bastante. Em alguns momentos da minha infância ele chegou a valer mais que o Brasileiro.
Acho que todo mundo tem um título paulista predileto, inclusive eu. Para os palmeirenses o título de 93, aquele que acabou com a fila, deve valer bastante. Se você duvida, veja o depoimento de um torcedor.
O meu paulista predileto é o de 91. A final ainda era disputada em 02 jogos, e logo no 1º matamos o confronto com um 3x0 inapelável contra o Corinthians. Três gols do Raí, o primeiro inesquecível, um chutaço de fora da área. Na finalíssima um empate sem gols e a porta aberta para aquele time se tornar um dos maiores de todos os tempos. O resto é história...
Em 07 volta esse sistema de final, e espero que com ele o Paulistão se renove e volte a ter a importância de outros tempos.

9.1.07

hai kai

Este hai kai deveria ter sido publicado junto com o post sobre a invenção do penalty. Mas eu esqueci...
É uma coisa simples e que não necessita de nenhuma explicação.

"sempre passo mal
se o juiz aponta
prá marca de cal."

6.1.07

as belas começaram mal....

Maria Sharapova e Martina Hingis começaram mal o ano.
Hingis, menos bela e com um começo menos ruim, chegou a final do torneio Gold Coast, mas acabou perdendo o jogo para a russa Dinara Safina.
Sharapova foi derrotada na final do torneio de Hong Kong pela belga Kim Clijster, que disputa este ano a sua última temporada. A tenista já anunciou aposentadoria no fim do ano.
São dois torneios que não dizem muito, e começo de ano é sempre duro em qualquer esporte.
Vida longa e melhor sorte para elas.

1.1.07

além do futebol

O ruim de ter um blog só sobre o futebol é isso. Ele é só sobre futebol. Tudo bem, tem jogo toda hora e várias competições diferentes, mas o assunto é sempre o mesmo. Para falar dos Los Hermanos tive que falar de futebol. Se vou escrever sobre algumas amigas, tenho que falar de futebol. Futebol, futebol, futebol.... Tá, tem o Quinto Andar, mas a Sica já falou que agora é só dela. Fui demitido do meu próprio blog.
Sempre quis escrever alguma coisa sobre o Marcelo Mirisola, mas como? Pensei em descobrir pra qual time ele torce e dar uma enrolada sobre isso, e no meio do post arrumar uma desculpa para transcrever algum conto seu, mas ele simplesmente não torce. Aliás, ele odeia futebol.
Como este ano tem o Pan do Rio, e eu vou ser obrigado a escrever sobre isso, resolvi que vou abrir espaço aqui para outros esportes. Fórmula 1, tênis e vôlei vão aparecer aqui de vez em quando. Claro que eu não vou acompanhar campeonatos de vôlei, só alguns jogos da seleção, e só vou comentar a Fórmula 1 pra falar mal do Barrichello, assim como vou assistir algumas partidas de tênis para falar bem da Sharapova. Mas de vez em quando vocês poderão ver essas modalidades aqui no Caneladas. Menos Basquete, isso eu me recuso... Afinal, basquete não é esporte, é jogo de idiotas.
Aliás, lembra daquela desculpa, eu encontrei. Em 2004, no começo de Agosto, um pouco antes das Olimpíadas, o Mirisola escreveu uma coluna pra AOL, sobre os jogos e coisa e tal.... Como é ano de Pan, achei que valia a pena colocar aqui no blog. É a única coisa que eu conheço dele que fala sobre esportes, e o autor de “Fátima fez os pés pra mostrar na choperia” e “O Herói Devolvido” não decepciona. Desce a lenha.
Se você é fã do Senna, não leia. Se não é, é o post aí embaixo.

só o guga nos salva


Por Marcelo Mirisola

O que os heróis olímpicos brasileiros têm a nos oferecer? Rodrigão é o mais alto. Daiane a mais baixa, Torben Grael o mais velho, Jeniffer (com dois “efes”) a mais nova. O mais pesado é o judoca Daniel Hernandes e a mais leve, Lais Souza, sua modalidade é a ginástica artística.
O homem mais alto da delegação brasileira dá porradas numa bola, faz o bloqueio e deve ser o orgulho de Dona mamãe babona e do seu... sei lá, Laércio: que vibra deslumbrado defronte à tevê. Alguma coisa assim, típica. Podíamos incluir mulher, filho recém-nascido, irmãs e cunhadas, todos uniformizados e apatetados interagindo em figas e correntes positivas. A avó Maria prefere rezar no quarto. O Vôlei é ouuuuuro! Daiane é a garota humilde que salta o duplo tuíste carpado (é assim que se escreve?) e veio lá do Rio Grande do Sul. O joelho da menina que curte Daniela Mercury é, hoje, a grande preocupação de 170 milhões de brasileiros. Incluindo dona Marisa Letícia.
As entrevistas de Daiane, que venceu os preconceitos e superou os próprios limites, são as mais concorridas. Ela é um fenômeno que os cientistas ainda não conseguiram decifrar.
Sarah, a macaca do zoológico de Tel Aviv – que resolveu andar sobre as duas patas – intriga os cientistas. Mas o engraçado é que ninguém se espanta com os lutadores de luta greco-romana, nem com os judocas peso-pesados. Que são especialistas em ficar de quatro, eles e a comissão técnica e o Galvão Bueno, todos uivam e batem no peito feito orangotangos. O que essa gente que corre, pula, chuta bolas, nada e ganha medalhas, tem de tão especial?
O espantoso não é a macaca israelense que resolveu andar feito uma atleta olímpica, mas os atletas olímpicos que ficam de quatro e ganham medalhas. A cigarrinha-da-espuma também “desafia os próprios limites” e é muito mais surpreendente do que qualquer Oscar Schmidt. Uma vez já escrevi sobre isso. Mas vou repetir porque a ocasião é bovinamente oportuna: nossa amiga cigarrinha-da-espuma salta setenta vezes o seu tamanho. Mal comparando (porque a cigarrinha não dá entrevistas) é como se um Ronaldinho, de 1,75m, saltasse sobre duas estátuas da Liberdade, uma sobre a outra.
Por que ninguém condecora a cigarrinha-da-espuma? Onde estão os bombeiros, o presidente e o Galvão Bueno? Cadê o espírito olímpico, os patrocinadores e a Playboy?
Festival de gente comum. Tédio, babaquice. O negócio é tão vazio quanto as prateleiras do Ayrton Senna, herói dos heróis de si mesmo. Vou dizer uma coisa: esta gente-bicho ganha muito dinheiro, lê o Paulo Coelho (quando lê) e brota de qualquer lugar. Nada tem de especial. Se Rodrigão tivesse nascido na Itália, estaria lá nas olimpíadas do mesmo jeito, e com os mesmos 2,04m e defendendo a nação italiana, a porpeta e a pizza napolitana. A geografia é apenas um detalhe que deveria ser ignorado como as falésias, os recifes, os corais e a preferência sexual do Caetano Veloso.
E daí que os africanos são os favoritos na maratona? Qual a diferença de fulano correr nas savanas africanas e na São Silvestre, na Avenida Paulista? Por Netuno! O que o maratonista faz de tão especial? Qualquer fusca modelo 71 tem desempenho superior – e mais simpático, a meu ver. E o Oscar Schmidt? Qual a relevância do Oscar Schmidt? Vejamos: foi candidato a senador apadrinhado por Paulo Maluf (na eleição que elegeu Celso Pitta...). O que mais? Hoje em dia vende badulaques na televisão, dá “palestras” e se proclama “exemplo para a juventude” Sei, sei.
O homem passou a vida enfiando bolas numa cesta! Por todos os Deuses Olímpicos! Além disso, freqüenta o sofá da Hebe! Para a “juventude” da TFP ele quer dar exemplos... só pode ser.
Às vezes, porém, no meio de tanta ruminância aparece um Guga da vida. Sou fã incondicional do Guga – quando o garoto ganhou Roland Garros lhe ofereceram uma carona no carro de bombeiros. Sabem o que ele disse? “Só subo aí se for para apagar incêndio”.
Essa declaração serviu para suprimir os recordes, bolas encestadas, medalhas, gritarias, fanfarronices, infantilidades do Zagallo e retardamentos mentais de toda a história esportiva brasileira. Garoto lúcido, esse Guga. Não entendo como gente de talento e inteligência, como ele e o Juca Kfouri entregam-se ao esporte.
Em todo caso, Guga, ao dispensar o carro de bombeiros, varreu do mapa todas as mesas redondas e entrevistas com jogadores de futebol, calou a boca do Galvão Bueno para sempre, vingou os três títulos mundiais de Nelson Piquet e encheu de livros as prateleiras do Ayrton Senna, além de ter salvado Pelé dos parnasianismos toscos do Armando Nogueira.
Sobretudo a declaração de Guga serviu para que eu me reconciliasse com meu esporte preferido, que é encher a cara. Obrigado, Guga. Agora me sinto mais bêbado para atravessar o mês de agosto olímpico e para acompanhar o enlace de Daniela Cicarelli e Ronaldinho. Também decidi fumar o Gauloises que Camus fumava e namorar as garotas da rua Augusta sem camisinha. O Brasil precisa de gente como o Guga, torço para que ele abandone o esporte o quanto antes e volte às praias de Florianópolis. O resto é boi no pasto.

Publicado originalmente na AOL em 11/08/2004